Artigos de boletim

Muitos sistemas culturais estão intimamente interligados com ambientes de florestas, vivam as pessoas dentro da floresta o à margem da floresta (incluindo habitantes da cidade e pesquisadores que estudem a cultura). As culturas baseadas na floresta têm evoluído dentro do ambiente de florestas e sua sobrevivência requer que esse ambiente seja sustentado.
Em matéria de certificação de plantações o FSC tem chegado a uma encruzilhada, na que está em jogo nada menos que sua credibilidade. O processo de revisão da certificação de plantações já está bastante avançado e em setembro do presente ano o Grupo de Trabalho estabelecido com esses fins vai apresentar suas recomendações.
Em novembro de 2002, a Assembléia Geral do Conselho de Manejo Florestal (FSC) aprovou uma moção que exigia que o FSC revisasse sua política de plantações. Na época, uma área de 3,3 milhões de hectares de plantações tinha sido certificada como bem manejada de acordo com o sistema do FSC. Quase dois anos depois, o FSC lançou uma Revisão de Plantações em uma reunião em Bonn, Alemanha. Nessa época, a área das plantações certificadas pelo FSC tinha aumentado para 4,9 milhões de hectares.
Atualmente, as principais companhias plantadoras certificadas pelo FSC que operam na Austrália são: Albany Plantation Forest Company Pty Ltd (23.509 has), Timbercorp Forestry Pty Ltd. (97.000 has), Integrated Tree Cropping Limited (166.536 has), Hancock Victorian Plantations Pty. Limited (246.117 has).
Em 2003 o WRM fez uma visita de campo à Colômbia para conhecer e colher depoimentos das comunidades afetadas pelas plantações da empresa Smurfit. Na época, sustentávamos em um artigo o seguinte: “ …Os povoadores locais nos disseram que ‘as plantações têm acabado com a água’, que ‘as fumigações acabam com tudo o que há no solo’, que ‘quase não há fauna’, que antes havia ‘nuvens de pássaros’ e que ‘agora somente no verão aparece algum pássaro, mas não no inverno’ e que ‘o peixe também acabou’.
Em abril de 2006, a empresa certificadora alemã GFA Consulting Group concedeu o selo do FSC às atividades madeireiras da empresa Endesa- Botrosa e a suas plantações de árvores localizadas na zona Rio Pitzara, de 8.380 hectares no litoral do Equador (GFA-FM/COC-1267). A certificação FSC da Endesa-Botrosa, pertencente ao Grupo Madeireiro Durini, significa um duro golpe para as centenas de comunidades locais camponesas, indígenas e afro- equatorianas, cujas florestas e modos de vida têm sido devastados por esta companhia durante décadas.
Ao longo dos últimos séculos, tem ocorrido um maciço desflorestamento nas terras irlandesas. O que tem sido substituído, foi amplamente substituído por plantações de conífera em quase monoculturas exóticas, principalmente por conta de uma companhia: a Coillte que é proprietária de 438.000 ha de plantações certificadas. Em 2002, a Coillte Teoranta obteve a certificação do Conselho de Manejo Florestal concedida pela Soil Association/ Woodmark (anteriormente certificada pela SGS).
Há mais de um ano que organizações espanholas exigem o cancelamento da certificação de “manejo florestal sustentável” outorgada pelo FSC à filial da empresa de celulose ENCE (Norfor), sem obter qualquer resultado. Em junho de 2005, a “Asociación pola defensa da Ria”, membro da Federación Ecologista Gallega (FEG), encaminhou à delegação do FSC na Espanha o urgente pedido de cancelamento da referida certificação (http://www.wrm.org.uy/actores/FSC/cancelacionNORFOR.pdf) junto com um relatório crítico da certificação da Norfor (http://www.wrm.org.uy/actores/FSC/informeNORFOR.pdf).
O que segue são as conclusões apresentadas em um relatório de viagem (disponível em: http://www.wrm.org.uy/paises/Venezuela/Gira2006.pdf) da pesquisa realizada recentemente por quatro representantes da Rede Latino-americana contra as Monoculturas de Árvores na área onde estão localizadas as plantações de Uverito, nome com o que se conhecem aproximadamente 600.000 hectares de plantações de pinus instalados nos Estados de Monagas e Anzoátegui.
Como um de seus membros Fundadores sou pelo menos responsável em parte por ter permitido que uma falha fatal se desenvolvesse no sistema do FSC quando foi estabelecido: isto é, os chamados organismos de certificação ‘independente’ que estão credenciados no FSC, de fato não são independentes.
Em 1º de junho de 2006, o Seminário sobre “Os Direitos dos Povos Indígenas e o Avanço do Agronegócio: problemas e desafios” teve lugar na cidade de Vitória, Espírito Santo, Brasil. O Seminário reuniu as comunidades Tupinikim e Guarani e também outras comunidades afetadas pelas plantações de monoculturas em grande escala, junto a vários setores da sociedade civil no Estado do Espírito Santo, a fim de refletirem minuciosamente sobre o assunto.
Em março de 2006, o WRM divulgou a publicação “Fachada verde: Análise crítica da certificação FSC das monoculturas industriais no Uruguai” (vide em http://www.wrm.org.uy/countries/Uruguay/book.html). A pesquisa abordou as quatro principais companhias com plantações certificadas e incluiu uma pormenorizada crítica dos relatórios das certificadoras, complementada com entrevistas a trabalhadores e pessoas das comunidades locais nas vizinhanças da área das plantações.