Entrevista com Jean-François Mombia sobre as plantações de dendezeiros
Você poderia nos dizer o que é a RIAO–RDC (Réseau d'information et d'appui aux ONG nationales – República Democrática do Congo) e quais as suas principais atividades?
Comunidades lutam contra a empresa de dendê Feronia-PHC, na RD Congo
Em 2009, a empresa global de alimentos Unilever vendeu sua subsidiária de óleo de dendê Plantations et Huileries du Congo (PHC), na República Democrática do Congo (RDC), para a empresa canadense Feronia.
Desde 2013, os Bancos Europeus de Desenvolvimento forneceram mais de 100 milhões de dólares à Feronia e a sua subsidiária congolesa PHC, alegando que o dinheiro apoiará o desenvolvimento e garantirá empregos. O financiamento dos bancos de desenvolvimento não fez nenhuma das duas coisas, como demonstram relatórios e declarações de organizações comunitárias e entidades nacionais e internacionais que apoiam a luta das comunidades para recuperar suas terras. Pelo contrário, desde que os bancos de desenvolvimento entraram em cena, os conflitos aumentaram, com os seguranças da empresa participando de espancamentos brutais, assassinatos de jovens de aldeias, e violência e abusos contra mulheres.
A Feronia faliu em 2020 e os bancos concordaram em entregar a PHC a uma empresa obscura chamada Straight KKM. Desde que a nova proprietária assumiu, duas pessoas foram mortas brutalmente, em meio a relatos das comunidades sobre o aumento da violência perpetrada pelos seguranças da empresa.
Em 2018, as comunidades entraram com uma reclamação nos bancos de desenvolvimento, solicitando mediação. Essa mediação ainda não começou, enquanto a violência e os assassinatos continuam e os bancos europeus permanecem vergonhosamente indiferentes à violência e às mortes nas plantações que seguem financiando.
As publicações a seguir expõem a história colonial por trás dessas plantações de dendê, bem como a violência que continua até hoje. As declarações das comunidades são testemunho da luta por justiça que vem sendo travada pelos afetados por essa expropriação de terras que remonta ao domínio colonial belga, desde que as terras lhes foram violentamente tiradas, há mais de 110 anos. Um acervo completo de artigos, relatórios, declarações e reportagens audiovisuais sobre a luta das comunidades contra a ocupação de suas terras ancestrais pela Feronia está disponível em: https://www.farmlandgrab.org/cat/show/511
Artigos de boletim
9 Dezembro 2014
A República Democrática do Congo (RDC) tem a maior área de floresta contínua da África, que é uma dos maiores do mundo. No entanto, sua alta diversidade biológica, incluindo florestas úmidas e secas, de brejo, de bambu, de manguezal e muitas outras, há séculos convivendo com povos indígenas e que dependem das florestas, está seriamente ameaçada pela expansão das plantações de dendê (palma) e dos investidores estrangeiros em geral.