Este Boletim é uma prova de que a luta contra os monocultivos de árvores - e o modelo que representam - pulsa forte no Sul Global, especialmente entre as mulheres. Seja na Indonésia, Tailândia, Libéria, Brasil ou Colômbia, as comunidades resistem e têm conquistado vitórias.
Bulletin 276 - outubro 2025
Monoculturas de árvores: comunidades resistem à pressão sobre seus território
Boletim WRM
276
outubro 2025
NOSSO PONTO DE VISTA
MONOCULTURAS DE áRVORES: COMUNIDADES RESISTEM à PRESSãO SOBRE SEUS TERRITóRIO
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15 Outubro 2025Somos camponeses da Indonésia, o maior produtor mundial de óleo de dendê. Nas últimas décadas, testemunhamos a disseminação de monoculturas de dendezeiros em nosso território, impulsionadas por empresas multinacionais, com apoio de governos. Falsas promessas nos levaram a aceitar esquemas de parceria em plantações, sob risco de perder nossas terras. O que antes era floresta e cultivos tradicionais foi substituído por monoculturas que nos deixaram com escassez de alimentos, dívidas e a ameaça de inundações. Por isso, nós nos organizamos para acabar com essa exploração e restabelecer o nosso modo de vida tradicional. E aqui compartilhamos a história da nossa luta.
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15 Outubro 2025Esta é a história de como nós, povos indígenas e camponeses, nos unimos sob o nome Território de Vida, Interétnico e Intercultural de Cajibío (TEVIIC) para enfrentar, na Colômbia, uma das maiores multinacionais produtoras de papel e papelão do mundo: a Smurfit Westrock. Nosso objetivo é fazer avançar a Reforma Agrária a partir da autonomia e da ação concreta.
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15 Outubro 2025Seja no Brasil, em meio a monocultivos de eucalipto, ou na Tailândia, cercadas por plantações de dendê, as mulheres sofrem impactos específicos e estão na linha de frente da resistência a esses projetos que exploram e devastam a terra em busca de lucro. É isso que nos contam duas ativistas camponesas em luta pela terra, cada uma de um desses países.
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15 Outubro 2025Duas lideranças Joghban que têm atuado na luta contra a invasão de suas terras ancestrais pela Equatorial Palm Oil (EPO) falam sobre seu vitorioso processo de resistência, que culminou em 2018 com o reconhecimento oficial de parte de seu território pelo Estado. No entanto, eles enfatizam que essa luta de longo prazo continua. “Vamos resistir; sempre resistiremos, porque a terra é importante para nós e para as nossas futuras gerações”, afirma Isaac Banwon, uma das lideranças.
PAREM O TFFF!
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15 Outubro 2025O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês) será lançado na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP30), que acontecerá de 10 a 21 de novembro em Belém, Brasil. Esta iniciativa é apresentada como uma "nova esperança" para as florestas tropicais em todo o mundo. No entanto, isso está longe de ser verdade.
DOS ARQUIVOS DO BOLETIM DO WRM
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15 Outubro 2025Por meio da história de Uma Bai Netam, uma mulher do povo Gond, na Índia, o artigo que recomendamos nos permite entender como as mulheres de comunidades tradicionais estão sendo especialmente impactadas pela política de plantio de monocultura de árvores comerciais para a suposta compensaçãode áreas de florestas destruídas por projetos extrativistas ou de infraestrutura. Entre meias vitórias de Uma e de outras mulheres indianas - como o direito legal à terra onde vivem e trabalham por décadas, mas com a condição de ter que ceder parte significativa da área para políticas governamentais que visam estabelecer monocultivos de árvores -, o artigo escancara as contradições perversas de mais essa política do capitalismo verde.
RECOMENDADOS
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15 Outubro 2025O novo relatório da GRAIN mostra que grandes empresas de TI, como Meta, Microsoft e Amazon, estão recorrendo aos mercados de carbono para ocultar suas emissões cada vez maiores de gases de efeito estufa, causadas, em grande parte, pela pressão do setor para aumentar o uso de IA e de serviços de “nuvem”, que consomem muita energia. A pesquisa da GRAIN analisa como, principalmente a Amazon e o Fundo Bezos Earth, de 10 bilhões de dólares, criado pelo cofundador da Amazon Jeff Bezos, não se limitam à compra de créditos de carbono. Ambos estão envolvidos na criação de infraestrutura para a produção de créditos.
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15 Outubro 2025Após o Acordo de Paris, as plantações de árvores estão crescendo como supostos sumidouros de carbono para gerar créditos, um negócio lucrativo que também é usado para lavar a imagem de grandes empresas. Um artigo recente do Climate Tracker revela aspectos dos métodos sujos adotados por um negócio que se promove como limpo para manter plantações de árvores. Os casos envolvem o Paraguai e a Colômbia. No primeiro, a Apple usa plantações de monoculturas que apresenta como florestas, onde aplica agrotóxicos proibidos ou restritos em outros países, descumprindo leis e pondo populações em risco, principalmente crianças.
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15 Outubro 2025O governo norueguês, por meio de seu Fundo de Pensão estatal, tem sido um investidor fundamental em projetos do tipo REDD, incluindo plantações de monoculturas de árvores. Em 2000, a Noruega aderiu ao Fundo Protótipo de Carbono (PCF, na sigla em inglês) do Banco Mundial, que ajudou a empresa Plantar a expandir suas plantações de eucalipto no Brasil e lucrar com a venda de créditos de carbono.
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15 Outubro 2025
3º Fórum Global Nyéléni no Sri Lanka – os chamados por uma transformação sistêmica ressoam com força
O Fórum Global Nyéléni é uma das reuniões mais amplas e diversas de movimentos de base no mundo, reunindo organizações de camponeses e camponesas, povos indígenas, pescadores tradicionais, trabalhadores rurais, movimentos feministas e ecologistas, entre outros, com o objetivo central de fortalecer o movimento global pela Soberania Alimentar. A terceira edição do Fórum Global Nyéléni foi realizado em Kandy, Sri Lanka, entre 6 e 13 de setembro de 2025, e reuniu cerca de 700 delegados de mais de 100 países, com o objetivo de construir uma visão política unificada, liderada pelas bases, e um plano de ação para enfrentar as crises globais interconectadas do nosso tempo.