Artigos de boletim

O Banco Asiático de Desenvolvimento (Asiatic Development Bank-ADB) tem grandes planos para estabelecer plantações na República do Laos. O Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais obteve um relatório que se filtrou de uma missão recente do ADB na República do Laos, no que se descreve a forma em que o Banco pretende atrair às companhias internacionais produtoras de celulose e papel para que invistam na República do Laos.
No decurso deste ano, vários funcionários do governo de Uganda receberam importantes concessões de terras para realizar atividades de florestamento e reflorestamento nelas, no marco do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Kyoto (vide Boletim 74 do WRM).
A Conferência da Terra, crisol de consciência e esperança
Num mundo dominado por notícias do tipo CNN, é difícil ter acesso a informação real. Não é preciso dizer que falta, em especial, uma análise séria de quase todos os temas (salvo, talvez, do futebol). Acidentes de trem, resultados esportivos, guerra, estrelas de Hollywood, fome, biotecnologia, violação dos direitos humanos, ou a mistura mais estapafúrdia de pedaços de notícias, parece que tudo é mais uma desculpa para nos bombardear com publicidade do que para nos fornecer informação adequada para compreender o mundo em que vivemos.
Há três anos, um acordo entre as autoridades do Gabão e uma madeireira francesa sacrificou 10.352 hectares da Reserva de Lope em troca de 5.200 hectares de uma área, até então não protegida, com florestas primárias, localizada nas distantes terras altas, adicionada à reserva (veja o boletim 38 do WRM). Esse acordo altamente polêmico foi feito por funcionários da organização Wildlife Conservation Society (WCS), com sede nos Estados Unidos.
A Shell Petroleum Development Company of Nigeria Limited (SPDC) – responsável pelo vazamento de óleo que, de junho a dezembro de 1998, atingiu as florestas de mangue de Oyara, se alastrando por arroios, granjas e lugares sagrados da comunidade Otuegwe em torno dessas florestas – atualmente está implementando o projeto de substituição da tubulação principal do oleoduto SPDC-E. As principais operações envolvidas são: aquisição de terras, abertura de trilhas, escavação de valas, colocação da tubulação, soldadura, radiografia, terraplenagem, testes hídricos e novo funcionamento.
A Timberwatch, uma coalizão de pessoas e ONGs ambientalistas, renovou seu pedido, feito na Conferência Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, no ano 2002, exigindo mais uma vez do governo sul-africano – bem como da indústria madeireira – a suspensão da instalação de novas plantações industriais para madeira em áreas com vegetação natural, em especial, as pradarias.
Em agosto de 2003, a empresa de geração de energia elétrica AES Corp, sediada nos Estados Unidos, retirou-se do projeto de usina hidrelétrica em Uganda, patrocinado pelo Banco Mundial, por motivos econômicos. A decisão – que implicou o cancelamento pela companhia dos US$ 75 milhões investidos no projeto – levantou sérias dúvidas quanto ao futuro da polêmica represa.
O plantio de espécies exóticas – em especial, seringueira, acácia e eucalipto – é um dos principais fatores que mudaram para sempre a floresta de “sal” (Shorea robusta) de Modhupur, com graves conseqüências para as nações indígenas Garos e Koch, há séculos habitando a floresta. Com verba oriunda de empréstimos, principalmente do Banco Asiático de Desenvolvimento (ADB, em inglês) e do Banco Mundial, o governo está estabelecendo plantações de espécies exóticas em toda a extensão das florestas públicas. Em Bangladesh, excetuando o Sundarban, só restam fragmentos de floresta nativa.
O Kali Bachao Andolan (Movimento pela Salvação do Rio Kali - KBA) realizou uma ação de peso contra a grave contaminação da empresa West Coast Paper Mills (WCPM), que despeja efluentes não tratados no rio Kali. Faz tempo que os moradores locais vêm sofrendo terrivelmente por causa da contaminação, sendo que, em várias oportunidades, foram ameaçados com perda de emprego, caso a WCPM receba pressões para agir de forma ambientalmente responsável.
Long Lunyim, comunidade Penan de Sungai Pelutan, Baram, localizada no departamento de Miri, estado de Sarawak, Malásia, antigamente fazia parte de um outro povoado chamado Long Tepen. Anos atrás, os moradores de Long Lunyim resolveram abandonar o povoado de Long Tepen, para se estabelecer bem perto, numa “longhouse” (unidade habitacional e organizacional) diferente, devido a desentendimentos com o chefe de Long Tepen, por seu posicionamento a respeito da invasão de terras tradicionais da comunidade para atividades madeireiras.
Faz tempo que órgãos multilaterais e bilaterais – o Banco Mundial, o Banco Asiático de Desenvolvimento, o Fundo Monetário Internacional, a USAID e o Banco Japonês para a Cooperação Internacional – estão outorgando crédito e subvenções aos países do Sul, empurrando-os na armadilha da dívida. O Sri Lanka não é nenhuma exceção.