Artigos de boletim

Trata-se com certeza de uma das evasões da realidade mais descaradas que já tenha sido pintada. O quadro “The Cornfield” (o campo de milho), de John Constable, finalizado em 1826 e que agora faz parte da nova exposição “Paraíso” da Galeria Nacional de Londres, evoca, no momento culminante do processo de cercado de terras, uma perfeita campina bucólica. Justamente no momento em que os camponeses eram expulsos de suas terras, seus cultivos eram destruídos, suas casas eram arrasadas e os opositores eram expulsos ou supliciados na forca, Constable conjura a Arcádia inglesa perfeita.
Passaram-se quase 30 anos desde que a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) reconheceu pela primeira vez, em seu 12° congresso, em Kinshasa, a necessidade de respeitar os direitos dos povos indígenas a suas terras ao estabelecer áreas protegidas. A resolução exortava governos e entidades de conservação a reconhecerem o valor das formas de vida dos povos indígenas e a idear formas para que os povos indígenas pudessem transformar suas terras em áreas de conservação sem terem de renunciar a seus direitos ou serem deslocados.
Coincidindo com o Congresso Mundial de Parques, o Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais e o Forest Peoples Programme estão lançando um novo livro: “Natureza cercada: povos indígenas, áreas protegidas e conservação da biodiversidade”. Escrito por Marcus Colchester, diretor do FPP, o livro traz uma revisão detalhada da experiência dos povos indígenas com áreas protegidas e faz contundentes recomendações sobre como é possível superar os atuais conflitos entre ambos, os quais, hoje, infelizmente, são a regra.
O primeiro “parque” do mundo, em Yosemite, Serra Nevada, Califórnia, era, na verdade, o lar da nação Miwok. As surpreendentes paisagens de Yosemite, resultado, em grande parte, dos sistemas indígenas de uso da terra, foram propostas para a conservação pelos próprios colonos e mineiros que doze anos antes tinham lutado, na “Guerra Índia da Borboleta”, contra os Miwok, os índios da região. Nessa luta desigual, as forças autorizadas pelo governo dos Estados Unidos perpetraram repetidos ataques contra os assentamentos indígenas.
A Resolução 1.49 (Os povos indígenas e a UICN) exorta seus membros a considerarem a adoção e aplicação dos objetivos da Convenção 169 da OIT e a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), e a respeitarem o espírito do Rascunho da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas.
Há duas semanas, o WRM e a Oilwatch divulgaram uma carta aberta a David Kaimowitz, diretor do Centro Internacional de Pesquisas em Silvicultura (Center for International Forestry Research - CIFOR), manifestando a sua preocupação com um estudo do CIFOR "que parece conferir credenciais verdes a duas atividades centrais nos processos de desmatamento e degradação de florestas: as atividades petroleira e de mineração" (veja a carta -em espanhol- em : http://www.wrm.org.uy/deforestacion/petroleo/Cifor.html ).
Madagascar é mundialmente conhecido como um dos países com maior riqueza ecológica do mundo, lar de espécies vegetais e animais únicas. Porém, já na época da colonização francesa, foi introduzido no país o modelo de produção voltado para a exportação.
São Tomé e Príncipe, um arquipélago com 1001 km², é um paraíso tropical localizado no Golfo da Guiné - área rica em petróleo -, a aproximadamente 300 km do litoral ocidental da África. O arquipélago é formado pelas ilhas de São Tomé e Príncipe, separadas uma da outra por 150 km. As ilhas do arquipélago de São Tomé e Príncipe são vulcânicas, com pronunciadas ladeiras cobertas por densa e variada vegetação, favorecida por uma intensa precipitação atmosférica. O país tornou-se independente de Portugal no ano 1975.
O Senegal anunciou que não outorgará novas licenças de exploração de pedreiras e mineração nas 233 áreas de preservação de florestas do país. O governo de Abdoulaye Wade declarou que estimulará as empresas que já operam ali a se transferir para fora dessas áreas, como parte do esforço por reduzir o desmatamento e proteger o meio ambiente.
A organização BanglaPraxis, de Bangladesh, e outros grupos locais reagiram à intenção anunciada pela Shell Bangladesh de realizar prospecções aéreas (aerofotogrametrias) e testes sísmicos nos blocos de mangue dos Sundarbans a partir do dia 27 de setembro.
A Coalizão contra a Mineração em Áreas sob Proteção, da Indonésia, distribuiu um release, com o objetivo de divulgar a crescente e firme oposição gerada pela mineração em vários níveis. Dez grupos fazem parte da Coalizão: JATAM, WALHI-Amigos da Terra, Centro Indonésio para a Legislação Ambiental, Fundo Mundial para a Natureza-Indonésia (WWF), Kehati, PELANGI, Forest Watch-Indonésia, MPI, POKJA PSDA e PELA.
A Electricité de France (EDF) saiu do projeto da barragem Nam Theun 2. A empresa anunciou sua decisão no dia 17 de julho de 2003, um dia antes do consórcio encarregado das obras da barragem, a Companhia de Energia Elétrica Nam Theun 2, ter assinado um contrato de venda de energia elétrica com a Autoridade de Geração de Energia Elétrica da Tailândia (Electricity Generating Authority of Thailand - EGAT).