Em Madagascar, uma grande ilha de 587.000 km2 no Oceano Índico, famosa por sua biodiversidade excepcional e por sua riqueza em minerais no subsolo, mais de seis milhões de hectares são classificados atualmente como áreas protegidas para a conservação da natureza. No entanto, as áreas de mineração também são numerosas e estão em expansão. Portanto, às vezes, esses dois tipos de espaços são próximos ou sobrepostos.
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Não é novidade que os projetos extrativistas em larga escala em toda a América Latina impuseram um modelo de extração e exportação cada vez mais profundo. A concorrência para ser o destino de investimentos em mineração, petróleo, silvicultura ou pesca é uma característica da maioria dos países da região. No entanto, o modelo extrativo recebe cada vez mais críticas e resistência de amplos setores da sociedade, incluindo a academia, as organizações de direitos humanos e os movimentos sociais.
Atualmente, o setor da mineração é um dos principais motores do sistema econômico mundial. Em diversos países, são recorrentes os casos de expropriação das populações nativas com a perda do território, desagregação dos laços de solidariedade da comunidade, poluição e contaminação de territórios e de seus mananciais de água, exploração intensiva dos trabalhadores; além da criminalização dos grupos que ousam enfrentar as grandes corporações.
Por trás de muitos produtos bonitos nos supermercados dos principais centros urbanos no mundo, escondem-se muitas histórias não contadas. Por trás de belos “selos verdes” de certificação, por trás do próprio conteúdo dos produtos e da grande quantidade de papel que os embala, há toda uma história para contar quando o assunto é consumo e contaminação de água.
O modelo econômico de superprodução e consumo afeta diretamente o acesso das populações locais à água potável e aos meios de subsistência. A água, essencial para a vida e considerada “sagrada” por muitos povos tradicionais, está sendo usurpada dos territórios.
A ideia de ver a água como um “recurso” nos impede de conceber o todo: os ciclos vivos.