Compensações por perda de biodiversidade
A promessa de compensar a destruição da biodiversidade abre caminho para que as empresas obtenham financiamentos e acesso a terras que, de outra forma, estariam vetadas à destruição em grande escala. As promessas de recriar ou proteger habitats de valor ecológico “equivalente” em outros lugares estão inclusive permitindo que empresas destruam áreas protegidas e locais que são Patrimônio da Humanidade. A compensação da biodiversidade resulta em destruição e exploração duplas, pois as empresas controlam territórios afetados por atividades industriais, bem como aqueles visados para projetos de compensação.
Este boletim destaca as ameaças envolvidas na chamada “transição energética” e expõe seu segredo sujo, que envolve a expansão exponencial da mineração no Sul global como consequência da enorme demanda por energia “verde”.
Um oxímoro é “uma afirmação que parece dizer duas coisas opostas”. O Banco Mundial tem muita experiência com oxímoros.
A empresa australiana Base Resources foi autorizada a destruir a Floresta Mikea desde que estabeleça um projeto de compensação, o que, por sua vez, implica severas restrições às comunidades para acessar suas terras e florestas.
Governos e empresas transnacionais apoiadas por instituições financeiras multilaterais, juntamente com Nações Insulares do Pacífico, estão se apressando para dividir o oceano sob as narrativas do que chamam de Economia Azul, a fim de justificar sua exploração.
O REDD+ se revelou um grande fracasso para o clima, as florestas e os povos das florestas, mas muitas agências internacionais e governos continuam a apoiá-lo.
Caciques e lideranças de povos indígenas do Acre publicaram uma carta dirigida aos governos da Alemanha e da California, denunciando a chegada de recursos milionários ao estado do Acre para programas REDD e PSA, sem transparência e beneficiando poucos indígenas.
Enquanto continua a destruição dos territórios florestais, mais promessas e acordos estão sendo implementados em nome de “enfrentar o desmatamento e as mudanças climáticas”.
O BIOFUND, um fundo de conservação para financiar as áreas protegidas de Moçambique, com apoio de Banco Mundial, cooperação internacional e ONGs conservacionistas, pretende usar o mecanismo de ‘compensação’ de biodiversidade.