Artigos de boletim

Em 1969, quando eu tinha três anos, meus pais foram forçados a se mudar da casa onde eu nasci, em um bairro de pessoas de todas as cores, etnias e até classes, para uma duna de areia sem qualquer vegetação, deixada nua, exceto por casas mal construídas, de um cômodo, sem eletricidade, reboco nem forro, e coroadas com um telhado de amianto.
É difícil imaginar que o ambientalismo um dia tenha prescindido do conceito de “Racismo ambiental”. Ele dá nome a uma realidade que não pode ser combatida “antes” ou “depois” de campanhas ambientais, mas tem que ser confrontada todos os dias, na construção de movimentos contra as formas com que as sociedades opressivas organizam a natureza.
Seria a-histórico e apolítico não situar firmemente as raízes dos conceitos ocidentais sobre conservação da natureza na época colonial. A ecologista política e ecofeminista Dra. Vandana Shiva deixa essa relação muito clara em seu livro “Staying Alive: Women, Ecology and Survival in India’” (Mantendo-se viva: Mulheres, Ecologia e Sobrevivência na Índia), onde afirma que,
Se nos tocam o sangue, nos tocam a terra, se nos tocam a terra, nos tocam o sangue. Palavra de ordem das mulheres do povo Xinka (Guatemala)
  “O objetivo é transformar a legislação ambiental em instrumentos negociáveis” Pedro Moura, fundador da Ecosecurities, uma empresa de créditos de carbono, e criador e diretor da “Bolsa Verde Rio”, a bolsa de valores verde do Brasil (1)