Indonésia: a destruição dos ecossistemas de mangue

Imagem
WRM default image

O mangue é um ecossistema litorâneo primário, de grande diversidade biológica, próprio das regiões tropicais e subtropicais, que tradicionalmente foi a base de sustento da população local, fornecendo, entre outros produtos, alimentos --o mangue é área de desova e criação de muitas espécies marinhas--, lenha, carvão e madeira.

Além disso, o mangue desempenha uma função de redução das enchentes, ajuda a evitar a erosão das margens dos rios e serve para amortecer o marulho produzido pelas tempestades e, em menor medida, também pelos ventos fortes, ambos fenômenos climáticos associados a muitas tempestades tropicais e subtropicais. Embora as tempestades fortes possam bater e danificar as barreiras litorâneas de mangue, este volta a crescer naturalmente e sem custo algum, à diferença de qualquer barreira de proteção litorânea criada pelo ser humano. Não obstante, os ecossistemas de mangue estão sendo destruídos propositadamente, para realizar atividades industriais não-sustentáveis.

Os banhados indonésios, entre os quais estão incluídas as florestas de mangue, pântanos e turfeiras, vêm diminuindo significativamente, passando de uma área total de 42,5 milhões de hectares, em 1987, para 33,8 milhões de hectares no presente ano. A destruição dos banhados tem sido a causa de diversas catástrofes no país, incluindo enchentes anuais, seca e a perda de diversidade biológica.

Na Indonésia e noutros lugares do sudeste asiático, importantes áreas de mangue foram "desenvolvidas", para criar reservatórios para a produção comercial de peixe e camarão. Calcula-se que a área de floresta de mangue caiu de 3,2 milhões de hectares, em 1986, para 2,4 milhões, em 1996, devido à sua conversão em reservatórios para a criação de peixe e camarão.

Os resultados de uma pesquisa realizada pelo International Institute for Aerospace Survey and Earth Science, na foz do rio Mahakam, na região oriental de Kalimantan, revelam que, no período compreendido entre 1982 e 1996, sumiram aproximadamente 17.429 hectares de floresta de mangue, que foram destinados para outros usos, principalmente reservatórios para a criação industrial do camarão.

Hajrul Junaid, da ONG indonésia Network for Forest Conservation (SKEPHI), afirmou que os banhados do país foram gravemente danificados e que faz-se necessária a aplicação de uma política integrada por parte do governo central. "Mas o governo tem de agir logo, pois os banhados correm riscos evidentes", explicou.

Artigo baseado em informação obtida em: "The Late Friday News, 107th Edition", Mangrove Action Project, correio eletrônico: mangroveap@olympus.net, http://www.earthisland.org/map/index.htm; "The world of mangroves", http://www.mangroveweb.net/html/mangrov.htm; "Monitoring Mangrove Forests using Remote Sensing and GIS", Yousif Ali Hussin Mahfud M. Zuhair Michael Weir, http://www.gisdevelopment.net/aars/acrs/1999/ps5/ps5126pf.htm.