Papua-Nova Guiné: empresas madeireiras malaias arrasam florestas

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Números oficiais da Autoridade Florestal da Papua-Nova Guiné (PNG) revelam que, entre 1993 e 2001, o país exportou um total de 20 milhões de metros cúbicos de troncos. Se esses troncos fossem colocados um do lado do outro, atingiriam uma extensão de mais de mil quilômetros. E se fossem colocados no sentido longitudinal, ultrapassariam os sete mil quilômetros.

Nos últimos dez anos, a maior parte dos troncos foi extraída da província de West New Britain, mas, hoje, essas florestas praticamente não existem mais. Na atualidade, as empresas madeireiras na PNG (a maioria malaias) retiram a maior parte dos troncos das províncias de Ocidente e do Golfo.

A derrubada de grandes áreas de floresta e a erosão e o estrago ambiental resultantes foram criticados pela ministra do Bem-estar e Desenvolvimento Social da PNG, Lady Carol Kidu. A ministra afirmou que, pretextando uma globalização inevitável, companhias madeireiras oriundas de países que impõem restrições ambientais a suas próprias indústrias estão se embrenhando cada dia mais nas florestas da PNG, se aproveitando das necessidades de proprietários tradicionais empobrecidos.

A ministra ressaltou, também, o impacto negativo da exploração madeireira nas mulheres: "As mulheres não têm estado presentes na mesa de negociações, mas são elas as que suportam o maior peso dos efeitos sociais e ambientais negativos".

As condições de trabalho na indústria madeireira foram expostas pelo governador da província de Ocidente, Bob Danaya. Após uma visita às áreas de operação madeireira das empresas Concord Pacific e Rimbunam Hijau, ele declarou: "Se olharmos em volta, nos povoados, não veremos benefícios tangíveis. E os trabalhadores, nas barcaças, praticamente trabalham como escravos, em condições muito duras".

Nos últimos meses, a província de Ocidente tem sido cenário de muitas controvérsias, devido a acusações de extração ilegal de madeira contra a Concord Pacific e a Rimbunam Hijau. O Comitê de Defesa do Povo (Ombudsman) também recomendou a destituição do presidente do Escritório Nacional, Dr. Wari Iamo, após uma investigação sobre suas tentativas de outorgar à Rimbunam Hijau a enorme concessão para extração de madeira na localidade de Kamula Dosa, na província de Ocidente, em 1999, sem ter sido promovida uma licitação pública.

Segundo observa Lady Kidu: "Caso não sejam tomadas medidas para controlar essa indústria de maneira sustentável, estima-se que, na próxima década, a PNG terá sido totalmente derrubada".

Artigo baseado em informação obtida em: "Komunity Bus Nius", edição nº 1, setembro/outubro de 2002, enviado por Timothy King, correio eletrônico: tim@global.net.pg