Outra informação

Como membros da assembléia mundial para a saúde dos povos indígenas, os integrantes do Comitê sobre Saúde Indígena elaboraram vários documentos técnicos informativos para o Fórum Permanente das Nações Unidas sobre Assuntos Indígenas. A maior parte dos que comparecemos à segunda sessão estávamos centrando nosso trabalho nas atividades dos chamados programas e órgãos especializados da ONU.
Descrito por analistas do mercado de carbono como um “desastre de relações públicas”, o projeto Plantar, do Fundo Protótipo de Carbono (PCF, em inglês), do Banco Mundial, continua abonando a impressão de que “nenhum crédito de carbono” é “um bom crédito de carbono”. Recentemente, na “Nota sobre o Projeto Plantar do PCF”, o Banco Mundial reconheceu como falsas as acusações da empresa brasileira de plantações Plantar S.A.
Justo quando o Banco Mundial nomeia Uganda como um dos países africanos beneficiários de seus três fundos de financiamento de carbono (Fundo Protótipo de Carbono, Fundo de Biocarbono e Fundo de Carbono para o Desenvolvimento Comunitário), começa a surgir informação sobre um processo de “apropriação de terras” sem precedentes, abrindo as florestas públicas de Uganda à iniciativa privada.
Ao analisar a questão das áreas protegidas, é imprescindível conhecer a opinião daqueles que as habitam, já que a criação dessas áreas geralmente acarreta impactos nas populações locais. Nesse sentido, transcrevemos passagens da declaração dos Povos Indígenas da Mesoamérica perante o Primeiro Congresso Mesoamericano de Áreas Protegidas (março de 2003), a qual exprime com clareza seus pontos de vista e reivindicações. Nos considerandos, a declaração diz:
Hoje existe abundante documentação evidenciando como as comunidades indígenas são fortemente discriminadas na sociedade, como são exploradas por outros setores e como o seu direito a recursos de que dependem para garantir o sustento é praticamente ignorado. Além disso, muitos desses grupos moram em áreas onde organizações conservacionistas locais, nacionais e internacionais têm fortes interesses.
O oleoduto Chade-Camarões estende-se ao longo de mil quilômetros de terras áridas e florestas equatoriais até o litoral africano. Ao chegar ao oeste dos Camarões, corre adjacente a uma antiga reserva de vida silvestre em que por séculos milhares de “pigmeus” indígenas Bagyeli dependeram da floresta para caçar e conseguir remédios.
No final deste século, os parentes mais próximos do gênero humano, os grandes símios africanos, terão desaparecido em seu estado silvestre. As pressões combinadas da perda de hábitat e a caça de animais para consumo estão levando-os à extinção. A menos que se reduzam logo essas pressões parece que há poucas esperanças de que as povoações cada vez menores de gorilas-das-montanhas que moram nas matas, gorilas de terras baixas, chimpanzés e bonobos (chimpanzés pigmeus) possam manter-se por mais tempo.
Sem dúvida, a idéia de uma série de áreas naturais protegidas unidas por áreas adjacentes amortecedoras onde realizar atividades de baixa intensidade é atraente. Eventualmente, seria um esquema capaz de garantir a continuidade da paisagem ou hábitat, evitando a fragmentação provocada por atividades industriais como a agricultura e o florestamento em grande escala, a urbanização ou obras como estradas e barragens. Isso é o que apregoa a letra do projeto denominado Corredor Biológico Mesoamericano (CBM).
Para grande parte da população hondurenha, a Reserva de Biosfera de Rio Plátano é motivo de orgulho nacional, já que, à beleza da região, soma-se a sua riqueza biológica e cultural, cuja conservação estaria garantida para as futuras gerações. No entanto, uma outra parte da população – a mais importante – não acha a mesma coisa.
Ocupando cerca de 7.584.331 km2 (*), a grande Amazônia possui a floresta tropical úmida mais extensa do mundo, com flora e fauna que, por si só, constituem mais da metade da biota mundial, formada por centenas de milhares de plantas e milhões de animais, muitos ainda não identificados pela ciência ocidental. Ao mesmo tempo, as suas águas representam entre 15% e 20% de toda a reserva de água doce do planeta Terra, sendo que somente o grande rio Amazonas despeja 15,5% de águas não salgadas no oceano Atlântico.
Nas alturas dos Andes peruanos está sendo levada a cabo uma iniciativa única de conservação a cargo de indígenas, que procura preservar a grande variedade de batatas domésticas, que são um dos elementos mais importantes da biodiversidade da região. O “Parque da Batata” foi uma idéia de uma organização gerida por indígenas, denominada “Asociación Andes” (Associação Cultural Quíchua – Aimará - ANDES) e está sendo implementado por uma associação de seis povoados quíchua nas montanhas ao sul de Pisac no Vale Sagrado dos Incas.