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Não se podem cultivar alimentos sem água. Na África, uma em cada três pessoas sofre com escassez de água, e a mudança climática piora as coisas. Os sofisticados sistemas de água nativos da África estão sendo destruídos pela concentração de terras em grande escala, em meio a alegações de que a água do continente é abundante, subutilizada e está pronta para ser aproveitada para a agricultura voltada à exportação.
O Fórum Social Africano, que acontece em Dacar, em outubro de 2014, lançou a Declaração contra a Concentração de Água e Terra, que afirma que “a concentração de terras sempre vem acompanhada de concentração de água”. Durante o Fórum Social Mundial de Túnis, em março de 2015, o diálogo que já havia entre grupos africanos continuou com movimentos e organizações do mundo todo, para ampliar essa convergência.
Três líderes indígenas foram emboscados por pistoleiros contratados por madeireiros e latifundiários, segundo denúncia do Conselho Indigenista Missionário (CIMI). As mortes seriam uma vingança pelas ações e medidas que as diferentes etnias no leste do Brasil vêm realizando nos últimos anos para erradicar o desmatamento em seus territórios.
Comunidades das bacias média e inferior do rio Madre Vieja, no Pacífico da Guatemala, estão sendo privadas de água por causa de barragens construídas por empresas envolvidas no cultivo de dendê e cana-de-açúcar. Moradores e comunidades organizadas – algumas delas pertencentes à Rede Internacional pelo Mangue – têm denunciado repetidamente que essas empresas estão usando, desviando e retendo água para suas grandes plantações.
Camponeses no norte de Moçambique estão lutando para manter suas terras e seus recursos hídricos à medida que governos e empresas estrangeiras avançam agressivamente para criar grandes projetos de agronegócio. Foi lançado o tão esperado Plano ProSavana para o desenvolvimento do agronegócio no Corredor de Nacala, inspirado no chamado desenvolvimento “bem sucedido” do agronegócio na região do Cerrado brasileiro.
Enquanto os acionistas da Socfin realizavam sua reunião geral anual no Hotel Bel-Air, em Luxemburgo, em 27 de maio, 300 pessoas de seis povoados afetados se reuniam para protestar contra o fato de a empresa não cumprir seus compromissos em Mondulkiri, no Camboja, e 250 representantes de 13 povoados afetados por sua plantação na Costa do Marfim também se mobilizavam.
Este ano, os incêndios florestais no sul do Chile foram muito agressivos, afetando milhares de hectares de floresta em três áreas protegidas na região de Araucanía, o sul do Chile. Diante disso, em 14 de abril, foi realizada uma marcha para denunciar a origem do problema: a expansão da indústria florestal.
O programa de rádio Growing Voices, da Rádio Mundo Real, discute os impactos da empresa de plantações Wilmar Internacional, altamente criticada e uma das maiores empresas de dendê do mundo. O programa examina de perto o caso de Kalangala, em Uganda, onde mais de cem pequenos agricultores ugandenses tiveram suas terras tomadas e foram expulsos pela Oil Palm Uganda Limited, uma subsidiária da Bidco Uganda Ltd, da qual a Wilmar Internacional é coproprietária.
Camponeses expulsos de suas terras lançam uma série de ocupações nas plantações da Socfin, em Camarões, Libéria, Camboja e Costa do Marfim, entre abril de 2015 e as reuniões anuais de acionistas do grupo Socfin (27 de Maio) e do grupo Bolloré (4 de Junho). O Bolloré é o maior acionista (39%) da Socfin, que tem plantações industriais  de dendezeiros e seringueiras, entre outras, nos países onde acontecem os protestos. Desde 2008, a expansão dessas plantações tem se intensificado.
Em um país com cada vez mais desigualdade socioeconômica e violações aos direitos humanos, Berta Cáceres desempenhou um papel fundamental na luta dos povos indígenas lencas, de Honduras, contra a construção de um megabarragem. Ela travou uma campanha de base com a comunidade local e liderou um protesto onde as pessoas exigiram pacificamente seu direito legítimo a ser ouvidas no projeto.
O artigo de opinião de Abetnego Tarigan, da ONG indonésia Walhi, e Iwan Nurdin, da Agrarian Reform Consortium, publicado no Jakarta Post, adverte que o foco internacional nos impactos das empresas de plantações de árvores tem sido dirigido a seus abusos ambientais, ao invés de seus abusos aos direitos humanos.
O coletivo India Climate Justice publicou a terceira edição da revista Mausam, visando facilitar debates construtivos e criativos sobre as questões climáticas. Ele tenta conectar essas questões às lutas locais por recursos naturais, extração de combustíveis fósseis, terras, meios de subsistência e soberania alimentar.