Na cidade de Cajamarca, no norte do Peru, milhares de camponeses, estudantes e organizações sociais estão lutando contra os planos da empresa mineradora Yanacocha (cuja principal acionista é a empresa mineradora estadunidense Newmont, junto com a empresa peruana Buenaventura e a Corporação Financeira Internacional do Banco Mundial) de realizar trabalhos de exploração no Cerro Quilish, cujos mananciais alimentam os rios Grande e Porcón.
Artigos de boletim
Em Popondetta, Província Oro, Papua Nova Guiné, representantes de todas as comunidades proprietárias de terras de toda a província se encontraram em 12 de março de 2004 no primeiro Foro sobre Direitos à Terra e Manejo Comunitário dos Recursos Naturais de proprietários de terras de Oro.
Comprometeram-se a garantir um manejo sustentável dos recursos e a proteger seus direitos como os legítimos proprietários desses recursos, declarando que:
Durante séculos, os povos das florestas e os que dependen delas puderam desenvolver atividades agrícolas e criar gado de forma compatível com a conservação do ecossistema das florestas. O que foi mais tarde descrito em termos pejorativos por especialistas ocidentais como agricultura “de derruba e queima” era de fato um sistema que tinha provado ter impactos menores e reversíveis sobre a floresta enquanto fornecia meios de vida às comunidades envolvidas. Um sistema que na fala de hoje poderia chamar-se “sustentável”.
As florestas tropicais têm sido habitadas, durante milhares de anos, por comunidades que fazendo uso delas conseguiram seu sustento de variadas formas, inclusive através da agricultura. Tratava-se de um tipo de produção agrícola que levava em consideração as interações das lavouras e que foi desenvolvida sem provocar a destruição da floresta. Pelo contrário, havia convivência. Foram promovidas áreas de concentração de diversidade de espécies adequadas para o consumo humano, dentro de um cenário diversificado, sem enfraquecer as bases biológicas da florestas.
Em 1944, a Fundação Rockefeller financiou a introdução de uma série de tecnologias na produção agrícola do México. A partir disso foi criado um modelo de produção agrícola denominado "Revolução Verde", que tem como categoria central o conceito de "variedades de alto rendimento", desenvolvidas no molde de monoculturas apoiadas por um pacote tecnológico que inclui a automatização, a rega, a fertilização química e o uso de venenos para o combate de pragas.
A partir do século 15 em diante, o progresso tecnológico permitiu à Europa tomar a dianteira na organização do mundo inteiro através da invasão do continente americano, a quase total aniquilação da população nativa e a aquisição do controle irrestrito do poder político e econômico.
A agricultura e a pecuária são causas diretas de desmatamento. No entanto, é necessário irmos fundo e vermos quais os fatores que as impulsam, quem são os beneficiados, como elas surgem. Poderia dizer-se que se trata de um processo de afunilamento. Na superfície está localizado o mais visível, a desaparição da floresta como conseqüência dessas atividades.
O desmatamento das florestas tropicais aconteceu a uma taxa de 10-16 milhões de hectares per ano durante as duas últimas décadas e não tem qualquer sinal de redução. 16% de toda a floresta amazônica já tem desaparecido e todo dia, outras 7.000 hectares de floresta se perdem –uma superfície de 10 quilômetros por 7 quilômetros. As causas são complexas e às vezes relacionadas entre si, mas entre elas está o papel da agricultura comercial em grande escala.
A percepção mundial a respeito dos manguezais está mudando para melhor. Em tempos passados, foram tachados de pântanos mal-cheirosos infetados de insetos, mas agora estão sendo chamados, mais adequadamente, de “raizes do mar”, “floresta tropical anfíbia”, ou “berçário litorâneo”. Esta nova atitude constitui um primeiro passo muito positivo para atingir a sua conservação, porque um ecossistema valorizado tem maiores chances de ser protegido que um ecossistema considerado um pântano imprestável.
De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, 38% da faixa costeira da África e 68% de suas áreas marinhas protegidas estão ameaçadas pelo desenvolvimento não regulamentado. Preocupantes são as operações de criação de camarões mal planejadas ou mal regulamentadas.
Junto com a United Nations Food and Agriculture Organisation - FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação), o Banco Mundial está apoiando o desenvolvimento de novas leis florestais abrangentes no Congo, bem como o “zoneamento” de toda a área florestal do país, o que implicaria o corte de aproximadamente 60 milhões de hectares de floresta tropical. Mais de 100 grupos ambientais, de desenvolvimento e direitos humanos tinham impugnado esses projetos em fevereiro do presente ano (vide Boletim do WRM Nº 80).
Tempo atrás em 1994, um grupo de membros de ONG –entre os que estava o atual coordenador do WRM- foram convidados pelos Maasai para visitar uma floresta que eles lutavam para salvar do “desenvolvimento” turístico. Como forma de proporcionar apoio internacional à luta, escreveu-se um artigo que foi amplamente difundido em novembro desse ano na revista “Resurgence” da Rede do Terceiro Mundo (disponível em http://nativenet.uthscsa.edu/archive/nl/9412/0140.html ).